Pregação: Unção e Preparo!

A pregação é um dos ministérios mais nobres da Igreja, pois lida diretamente com a comunicação da Palavra viva de Deus ao coração do povo. Ela não é uma mera palestra religiosa, mas um ato espiritual que exige reverência, consagração e temor. O apóstolo Paulo escreveu: “Ai de mim se não pregar o evangelho!” (1 Coríntios 9:16). Isso revela o peso da responsabilidade de quem sobe a um púlpito. Mais do que talento, a pregação exige unção divina e vida com Deus.

Todo verdadeiro pregador sabe que pregar não é repetir frases bonitas, mas transmitir aquilo que foi gerado em oração, consagração e profunda comunhão com o Senhor. É por isso que pregadores cheios de unção conseguem tocar vidas mesmo com palavras simples. Um coração em chamas comunica fogo! Como disse Leonard Ravenhill: “Ministros que brincam no púlpito são a desgraça de uma geração que está indo para o inferno”. A unção não é um luxo — é uma necessidade. E ela nasce de uma vida santa, separada e sensível à voz de Deus.

A pregação também exige sensibilidade espiritual e discernimento pastoral. Um pregador ungido não apenas lê um texto — ele enxerga as dores da Igreja, as perguntas silenciosas da congregação, os clamores escondidos nos corações. Ele prega com empatia e direção do Espírito. Um sermão que vem do céu é aquele que desce ao coração das pessoas como resposta. Jesus, nosso maior modelo, não falava para impressionar, mas para transformar. Ele via as multidões e se compadecia delas (Mateus 9:36), e sua pregação sempre tocava necessidades reais.

Mas a unção, por si só, não substitui o preparo. Deus não é glorificado na negligência. O mesmo Espírito que unge é o que nos conduz ao estudo e ao crescimento. Paulo disse a Timóteo: “Dedica-te à leitura, à exortação, ao ensino… Ocupa-te destas coisas; permanece nelas, para que o teu progresso seja manifesto a todos” (1 Timóteo 4:13-15). O pregador precisa conhecer a Palavra, dominar a estrutura do sermão, saber aplicar e ilustrar as verdades eternas. Pregação poderosa é a que une fervor espiritual e clareza bíblica.

O pregador sério se dedica à exegese do texto bíblico, à compreensão do contexto, à aplicação prática, ao uso correto das palavras, ao domínio do tempo e ao respeito à audiência. Isso é homilética — a arte e a ciência de pregar com eficácia. Como disse John Stott, autor respeitado e teólogo anglicano: “A pregação é indispensável à Igreja de Deus… e o pregador é chamado a unir fidelidade ao texto e relevância para o ouvinte”. Não basta ter boas intenções. É preciso estudar com afinco, preparar com zelo e apresentar com excelência.

Um bom exemplo disso está na própria vida de Esdras: “Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e para cumpri-la, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos” (Esdras 7:10). Primeiro ele buscava, depois vivia, então ensinava. Esse é o caminho: buscar, viver, ensinar. O púlpito não é lugar de improviso, mas de entrega. O pregador não representa a si mesmo, mas a Deus. Por isso, oferecer a Ele o melhor não é opcional — é um dever de amor e reverência.

A pregação poderosa, portanto, é fruto da união entre unção e preparo. Nem só emoção, nem só técnica. Nem apenas oração, nem apenas estudo. É preciso o fogo do céu e também o azeite no recipiente (Mateus 25:4). É preciso Bíblia aberta, joelho dobrado e cabeça ativa. O pregador precisa ser um homem ou mulher cheio do Espírito, mas também cheio da Palavra. Afinal, não pregamos para aplausos, mas para transformar vidas e glorificar a Cristo.

Se você sente o chamado de Deus para pregar, responda com temor e coragem. Busque a unção, mas também busque o preparo. Estude a Palavra com seriedade, forme-se, aprenda com bons mestres, ouça bons pregadores, pratique com humildade. O Reino de Deus merece o nosso melhor — inclusive no púlpito. Porque, quando a unção do Espírito encontra um coração preparado, o céu se manifesta na Terra. E isso é pregação.